Amados, eu extraí de http://www.martynlloyd-jones.com/m-lloyd-jones o texto abaixo. O link da postagem original está após o texto.
Martin Lloyd-Jones
A
igreja, dizem eles, deve fazer todas essas coisas, mais especialmente
com o fim de atrair os jovens e segurá-los. Agora, a questão importante
não é o que pensamos dessas coisas propriamente ditas, mas é: a igreja
teria alguma coisa a ver com essas questões? Que é a Igreja no Novo
Testamento? Há somente uma reposta para essa pergunta- é uma comunhão de
santos. O que vemos ali é certo número de pessoas reunindo-se com um
propósito especial. Quem são essas pessoas? Que é que os reúne? Que
interesse comum é tão forte em seus corações que muitas vezes arriscam
suas vidas para estar presentes em tais reuniões? São pessoas diferentes
das outras, pessoas que, segundo o apóstolo Paulo, foram tiradas do
mundo e separadas da sociedade; pessoas que provaram coisas das quais o
mundo nada sabe; pessoas que tiveram uma experiência da graça de Deus no
Senhor Jesus Cristo; pessoas que já passaram a ver que a coisa mais
importante da vida é ter conhecimento de Deus, numa relação que esteja
de acordo com os Seus mandamentos. Viram o seu lastimável e desesperado
estado diante de Deus, mas também viram Deus perdoando todos os seus
pecados em Jesus Cristo. Estão cientes de uma nova vida e de um
enobrecedor poder que as torna mais que vencedoras - mesmo quando se
vêem face a face com as tentações e provações da vida. Tudo é novo para
elas, e elas vêem a vida neste mundo como uma peregrinação rumo a Deus e
ao céu. Elas não desprezam o mundo, todavia não vivem para ele, nem por
causa dele. "Porque não temos aqui cidade permanente", dizem elas, "mas buscamos a futura" (Hebreus 13:14).
Esses
cristãos se reúnem - por qual razão? Para prestar culto a Deus, para
louvar o Seu bendito Nome, para agradecer-Lhe a graça que levou ao
perdão dos pecados, e a uma nova vida em Cristo. Também se reúnem para
poderem conhecê-lO melhor e para virem a entender mais facilmente a Sua
providência. Têm fome e sede de justiça. Também têm sede do genuíno
leite da Palavra, e não há nada que apreciem mais do que estudar a
Palavra e ouvi-la proclamada. Sentem-se fortemente impulsionados a
encontrar-se uns com os outros para poderem permutar experiências, para
se ajudarem mutuamente a deslindar muitos problemas, e a estimular-se
uns aos outros a que prossigam. Todos eles têm a mesma experiência
básica, todos eles marcham na mesma direção. Acham, pois, "amável a
companhia dos irmãos que fixaram os seus semblantes no rumo daquele
país". A igreja é um lugar onde eles narram a "Sua fidelidade aos que se
acham no deserto ardente", e onde eles gostam de falar "do fim da
jornada". Esta é a descrição que temos no Novo Testamento, o retrato que
tem sido visto centenas de vezes desde aquele tempo na vida da Igreja. A
Igreja retrata uma coleção de pessoas, das quais se pode dizer: "Mas
vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo
adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das
trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pedro 2:9). Ninguém mais tem direito de ser membro da sociedade.
Posso
imaginar alguém fazendo a pergunta: se a Igreja é esse tipo de
sociedade, que esperança você pode ter de conseguir que as pessoas
entrem? Esses critérios não atraem os homens hoje em dia; não é esse o
campo de estudos deles; eles não têm interesse por esse tipo de coisa.
Não seria melhor alcançá-los seguindo linhas de interesse comum e em
termos das coisas que os atraem naturalmente? A questão não tem nada de
novo. E simplesmente a velha questão concernente à autoridade da Igreja.
Alguns
procuram autoridade, como vimos, em cerimônias e em ritos religiosos;
outros a procuram na tradição, e ainda outros no sacerdócio e no governo
especial da Igreja. Alguns acham que a autoridade da Bíblia está em
nossa resposta a ela. Não temos tempo de sopesar estas idéias aqui, mas
devemos declarar sem temor e com fervor que a Igreja não achará por
esses meios a autoridade de que necessita para falar ao mundo e para
fazê-lo ouvir. A Palavra é da máxima importância, porém o único poder
que confere autoridade é o Espírito Santo. Este é o segredo do estranho
sermão que o apóstolo Pedro pregou no dia de Pentecoste, em Jerusalém, e
dos incríveis resultados que se seguiram. Paulo fala em termos
semelhantes: "A
minha palavra, e a minha pregação, não consistiu em palavras
persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de
poder; para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas
no poder de Deus" (1 Coríntios 2:4-5). Essa é a história que se
vê através das eras e em todos os períodos de avivamento e de
despertamento. O mundo não era melhor nem estava mais desejoso de ouvir a
mensagem do evangelho no início do século dezoito do que hoje. Não
podemos explicar só em termos de homens os eventos que se deram na
história da religião em Gales. Todos eles têm uma só explicação - Daniel Rowland, Howell Harris e William Williams de Pantycelyn eram homens que falavam "como tendo autoridade" (Mateus 7:29).
A mesma característica está presente com os puritanos, nos pais
protestantes, em Savonarola e em todo aquele que foi usado por Deus para
revivificar a religião em sua geração. Quando "o elemento vida"
vem à Igreja, o mundo começa a ouvir, e o povo se aglomera. Então o
problema será, não como conseguir gente para vir ouvir, mas como achar
recinto para todos os que vêm. O mundo está ansioso para reconhecer a
diferença entre a voz do homem e a voz de Deus, e por fim não se dispõe a
ouvir coisa alguma senão a Sua voz.
Portanto,
não nos é difícil responder a próxima pergunta: para que somos chamados
hoje? E óbvio que devemos concentrar as nossas energias na Igreja, e
que a maior necessidade é o avivamento e o despertamento da Igreja. E
nela, e muitas vezes por meio de indivíduos pertencentes a ela, que os
grandes movimentos espirituais sempre tiveram início. Quando a Igreja
age no poder e na força do Espírito Santo, faz mais num dia do que
doutro modo faria em anos por meio de todas as suas atividades, sem o
Espírito. Finalmente, todos os nosso temores pelo futuro da Igreja e da
religião, o nosso sentimento de desesperança ao vermos o mundo afundando
cada vez mais no pecado e na vaidade, a nossa inclinação para
multiplicar organizações, comitês e movimentos brota da mesma cegueira, a
saber, a nossa falta de fé nas operações do Espírito Santo.
Então,
que podemos fazer? A primeira coisa é compreender que nunca podemos
criar um avivamento; todavia, depois de chegarmos a esse ponto, temos
muito para fazer.
Se
eu tivesse que expressar tudo isso numa só sentença, eu diria que o que
é necessário é que esqueçamos completamente o século dezenove e que
façamos um minucioso estudo do princípio do século dezoito. Se
fizéssemos isso, aprenderíamos lições muito especiais. Acima de tudo o
mais, veríamos que o primeiro passo não é rebaixar, mas sim, elevar o
padrão requerido dos membros da Igreja. Devemos recapturar a idéia de
que ser membro da Igreja é ser membro do corpo de Cristo, e de que esta é
a maior honra que pode vir ao encontro do homem neste mundo. Por meio
da disciplina, devemos aclamar a relação de membro da comunidade e
devemos tornar a ressaltar a verdade de que Deus dá o Espírito Santo
somente "àqueles que lhe obedecem" (Atos 5:32). A necessidade não é de
aumentar a atração, mas proclamar que "estreita é a porta, e apertado o
caminho que leva à vida" (Mateus 7:14). Possivelmente, isto significa
que muitos recuarão das igrejas e as abandonarão; e do ponto de vista da
estatística, dos relatórios e das coletas, tudo parece sem esperança, e
os que procuram manter vivas as igrejas temem. Contudo, igualmente
certo, a Palavra do Senhor se cumprirá: "qualquer que quiser salvar a
sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua
vida, a salvará" (Lucas 9:24). Como Paulo em Atenas, há muito tempo,
devemos compreender que a nossa obra não consiste em argumentar acerca
da verdade, e sim, declará-la e proclamá-la com autoridade. Não devemos
somente fazer que o povo venha a ter interesse pela verdade, e apelar
apenas para as suas mentes; não é esse o nosso dever, mas, antes, é
despertar as suas consciências proclamando o juízo de Deus sobre o
pecado e a ira de Deus contra "toda a impiedade e injustiça dos homens"
(Romanos 1:18), e exortá-los a fugirem da ira vindoura. Devemos
convencer os homens da verdade da extrema importância do lado espiritual
da vida, de um mundo eterno e de um destino eterno. Ninguém verá a
necessidade que tem do Senhor Jesus Cristo como Salvador, senão a pessoa
que se viu a si mesma como perdida diante de Deus; e o único motivo
verdadeiro para ter-se uma vida moral e digna é a gratidão a Deus e a
percepção de que um dia estaremos diante dEle.
Este
é o chamamento dirigido aos religiosos hoje: devemos tomar consciência
da nossa indignidade perante Deus, da distância que nos separa dos
santos das eras passadas, da nossa terrível dessemelhança dos cristãos
do Novo Testamento; depois devemos arrepender-nos e reconsagrar-nos a
Deus em Cristo, e devemos assegurar-nos de que a religião regule as
nossas vidas. Mais do que qualquer coisa, porém, devemos aperceber-nos
de que o estado do mundo é tal, que nada, senão o poder do Espírito
Santo pode curá-lo, e a tal ponto devemos sentir isso, que sejamos
levados a dobrar os joelhos em oração a Deus, rogando-Lhe que, em Sua
misericórdia, Ele olhe para nós com piedade e, por Seu grande nome,
envie um poderoso avivamento entre nós. Esse é o único meio, essa é a
única esperança, porque aos homens é impossível, mas não a Deus, pois "a Deus tudo é possível" (Mateus 19:26).
http://www.martynlloyd-jones.com/2010/04/chamado-ao-avivamento-m-lloyd-jones.html